LA MALINCHE

Olá pessoal,

Vocês conhecem a história de La Malinche? Não? Talvez já tenham ouvido algo sobre Dona Marina, como também era chamada?

Bom, eu confesso que nunca tinha ouvido falar a seu respeito, mas como já mencionei aqui no blog, esse ano tive a feliz oportunidade de fazer o curso de treinamento em tradução simultânea do HI2T em Curitiba e foi lá que ouvi sobre essa mulher pela primeira vez.

Apesar da minha combinação linguística ser português – inglês, já encarei um curso de cabine de espanhol passivo e lá no HI2T uma das palestras que tive que interpretar do espanhol, foi justamente sobre La Malinche.

Mas afinal quem era essa mulher e que diferença ela faz para nós, intérpretes? Bem, La Malinche era uma indígena da etnia Nahua que teve papel decisivo na conquista do México. Isso porque quando criança foi vendida como escrava e acabou nas mãos do espanhol Hernan Cortéz. Quando Cortéz percebeu a desenvoltura de Malinche com idiomas, acabou tomando-a como sua intérprete e sua amante também. Além de servir como intérprete, ajudou nas negociações entre as culturas, em especial na tentativa dos espanhóis em estabelecer relações amigáveis com os astecas, conquistando assim aliados entre os povos indígenas favoráveis ou não a Montezuma. Seu papel foi de suma importância, assim como seu poder. Cabia a Malinche decidir o que seria ou não omitido naquelas negociações. Claro que como intérpretes sabemos da importância de nos mantermos neutros para transmitirmos a mensagem do palestrante, mas ao escutar essa “fábula” não consigo deixar de imaginar se Malinche não foi responsável por mudar o curso da história.

É bem interessante ler artigos sobre essa personagem porque sua figura é envolta em muitas controvérsias. La Malinche é vista por muitos mexicanos como uma traidora “que havia passado para o lado espanhol” e o termo malinchismo tem uma conotação pejorativa. Entretanto, Malinche também é vista como a mãe da nação mexicana, uma mulher que fez o necessário para garantir sua sobrevivência. É um símbolo da cultura mestiça e seu filho com Cortéz é considerado o primeiro mexicano.

Tzvetan Todorov escreveu sobre ela: “Malinche glorifica a mistura em detrimento da pureza (asteca ou espanhola) e o papel de intermediário. Ela não se submete simplesmente ao outro (…), adota a ideologia do outro e a utiliza para compreender melhor sua própria cultura, o que é comprovado pela eficácia de seu comportamento (…)”

E foi isso. Fiquei muito feliz por ter a oportunidade de conhecer a história dessa mulher marcante. Traidora ou tradutora não importa. o importante é que Malinche era uma mulher impressionante.

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